"... edificar a sua casa sobre a rocha..." (cf. Mt 7,24)
1.
Vamos iniciar o caminho que nos conduz à celebração anual da Páscoa, memória
sacramental e perene da
Páscoa em que o Senhor Jesus se ofereceu para redenção do
mundo.
A verdade da nossa vida cristã e a autenticidade do nosso testemunho
dependem do modo como
preparamos e
celebramos
esta “festa das festas”, já que
ela
ilumina e dá sentido a cada um dos dias
do ano litúrgico e tem em cada Domingo a sua
celebração semanal.
A Quaresma surge, por isso mesmo, cada ano como um tempo propício para
acolhermos, com um coração mais disponível, os apelos da Palavra Deus e nos
dispormos a progredir, de modo mais intenso, na conversão pessoal; um tempo que
culmina com o reacender da luz batismal e
o consequente empenho em “iluminar” as
situações mais escuras da nossa vida e de vida do mundo.
Acolher na própria vida,
Cristo
vivo e ressuscitado, ou deixar-se
acolher
por Ele, é
o melhor que nos pode
acontecer.
E anunciá-lO e testemunhá-l’O é, por isso mesmo, a nossa alegria e a nossa
felicidade
(cf.
EG
1-3).
2.
Inspirámos o nosso Programa pastoral para este ano, com o convite a
construir a
sua
casa sobre a rocha
(cf.
Mt 7,24); convite
acolhido como condição para, alicerçados
em Cristo,
rocha imprescindível na construção da vida cristã e de todas as formas de
vida na Igreja,
anunciarmos o
evangelho da
família. Indicámos como eixo
à volta do
qual se deve processar a nossa ação
pastoral, uma “ação missionária capaz de
transformar tudo”, verdadeiro “paradigma de toda a obra da Igreja”, e a decisão de
enveredar
por um
caminho de
conversão pastoral e missionária, “que não pode deixar
as coisas como estão” (cf.
EG
15.25.27)
.
3. Considero oportuno incluir esta proposta pastoral no caminho quaresmal que nos preparamos para iniciar, como revisão de vida pessoal, familiar e das próprias comunidades paroquiais. Estou certo de que a vivência quaresmal adquiriria um ritmo mais eficaz e mais fecundo se incluísse opções concretas assumidas pelas comunidades cristãs e, inclusive, pelas próprias famílias.
Sabemos como “o amor vivido nas famílias é uma força permanente para a vida da Igreja e, simultaneamente, apelo constante a crescer e a aprofundar este amor. Na sua união de amor, os esposos experimentam a beleza da paternidade e da maternidade; partilham projetos e fadigas, anseios e preocupações; aprendem a cuidar um do outro e a perdoar-se mutuamente. Neste amor, celebram os seus momentos felizes e apoiam-se nos episódios difíceis da história da sua vida. (...) A beleza do dom recíproco e gratuito, a alegria pela vida que nasce e a amorosa solicitude de todos os seus membros, desde os pequeninos aos idosos, são apenas alguns dos frutos que tornam única e insubstituível a resposta à vocação da família, tanto para a Igreja como para a sociedade inteira” (AL 88).
De que modo, cada membro da família, pode contribuir para o cultivo, a maturação e a partilha destes frutos? De que modo cada comunidade cristã está a apoiar as famílias, e cada um dos seus membros, na realização da sua vocação e missão? De que modo cada comunidade está aberta e decidida a acolher, acompanhar, discernir e integrar a fragilidade das famílias? Como é cultivado o espírito de compreensão e de acolhimento, e cada comunidade se torna instrumento da misericórdia que é “imerecida, incondicional e gratuita” (AL 297)?
4. Não podemos permitir que “o amor arrefeça”, alerta-nos o Papa Francisco na sua mensagem quaresmal, inclusive o amor vivido nas famílias e partilhado nas comunidades cristãs. Todos os dias nos confrontamos com inúmeros sinais indicadores de que ele pode arrefecer e mesmo vir a apagar-se.
A oração, a esmola e o jejum, indicados pela liturgia logo no primeiro dia da quaresma, constituem sempre meios oportunos, para uma conversão pessoal, de procura do essencial, de purificação e fortalecimento do amor e de maior adequação da vida ao Evangelho.
A partilha fraterna, fruto da “renúncia quaresmal”, une-nos anualmente como expressão solidária com os mais necessitados. A comunidade do Vicariato da Pedra Mourinha manifesta a todos o seu reconhecimento, pela partilha da quantia recolhida em 2017 (€ 18.093,54) a qual, unida a outros apoios diocesanos, lhes permitiu avançar um pouco mais na concretização do seu sonho: a construção de um complexo pastoral, do qual faz parte a igreja paroquial.
Este ano convido-vos a igual partilha com a comunidade do Rogil (Aljezur). Há muito que esta comunidade está empenhada em possuir um espaço próprio que responda às suas necessidades mais elementares, ao nível da catequese e do aprofundamento da fé, da celebração do culto, do acolhimento pessoal e da promoção da caridade. Exorto, igualmente, todas as Paróquias, particularmente as que possuem melhores condições económicas, à partilha fraterna com esta comunidade, como expressão de comunhão eclesial.
5. Confiemos a Maria, o nosso caminho quaresmal, certos de que ela nos guiará pela estrada segura que conduz ao encontro de Cristo Vivo e Ressuscitado, rocha e fundamento da Igreja e de cada família.
A todos asseguro a minha oração para que a nível pessoal, familiar e eclesial, percorramos unidos este caminho de conversão quaresmal, daí resultando uma Igreja diocesana mais fraterna e mais missionária.
Desejo a todos uma frutuosa Quaresma e uma santa Páscoa!
Faro, 12 de fevereiro de 2018
3. Considero oportuno incluir esta proposta pastoral no caminho quaresmal que nos preparamos para iniciar, como revisão de vida pessoal, familiar e das próprias comunidades paroquiais. Estou certo de que a vivência quaresmal adquiriria um ritmo mais eficaz e mais fecundo se incluísse opções concretas assumidas pelas comunidades cristãs e, inclusive, pelas próprias famílias.
Sabemos como “o amor vivido nas famílias é uma força permanente para a vida da Igreja e, simultaneamente, apelo constante a crescer e a aprofundar este amor. Na sua união de amor, os esposos experimentam a beleza da paternidade e da maternidade; partilham projetos e fadigas, anseios e preocupações; aprendem a cuidar um do outro e a perdoar-se mutuamente. Neste amor, celebram os seus momentos felizes e apoiam-se nos episódios difíceis da história da sua vida. (...) A beleza do dom recíproco e gratuito, a alegria pela vida que nasce e a amorosa solicitude de todos os seus membros, desde os pequeninos aos idosos, são apenas alguns dos frutos que tornam única e insubstituível a resposta à vocação da família, tanto para a Igreja como para a sociedade inteira” (AL 88).
De que modo, cada membro da família, pode contribuir para o cultivo, a maturação e a partilha destes frutos? De que modo cada comunidade cristã está a apoiar as famílias, e cada um dos seus membros, na realização da sua vocação e missão? De que modo cada comunidade está aberta e decidida a acolher, acompanhar, discernir e integrar a fragilidade das famílias? Como é cultivado o espírito de compreensão e de acolhimento, e cada comunidade se torna instrumento da misericórdia que é “imerecida, incondicional e gratuita” (AL 297)?
4. Não podemos permitir que “o amor arrefeça”, alerta-nos o Papa Francisco na sua mensagem quaresmal, inclusive o amor vivido nas famílias e partilhado nas comunidades cristãs. Todos os dias nos confrontamos com inúmeros sinais indicadores de que ele pode arrefecer e mesmo vir a apagar-se.
A oração, a esmola e o jejum, indicados pela liturgia logo no primeiro dia da quaresma, constituem sempre meios oportunos, para uma conversão pessoal, de procura do essencial, de purificação e fortalecimento do amor e de maior adequação da vida ao Evangelho.
A partilha fraterna, fruto da “renúncia quaresmal”, une-nos anualmente como expressão solidária com os mais necessitados. A comunidade do Vicariato da Pedra Mourinha manifesta a todos o seu reconhecimento, pela partilha da quantia recolhida em 2017 (€ 18.093,54) a qual, unida a outros apoios diocesanos, lhes permitiu avançar um pouco mais na concretização do seu sonho: a construção de um complexo pastoral, do qual faz parte a igreja paroquial.
Este ano convido-vos a igual partilha com a comunidade do Rogil (Aljezur). Há muito que esta comunidade está empenhada em possuir um espaço próprio que responda às suas necessidades mais elementares, ao nível da catequese e do aprofundamento da fé, da celebração do culto, do acolhimento pessoal e da promoção da caridade. Exorto, igualmente, todas as Paróquias, particularmente as que possuem melhores condições económicas, à partilha fraterna com esta comunidade, como expressão de comunhão eclesial.
5. Confiemos a Maria, o nosso caminho quaresmal, certos de que ela nos guiará pela estrada segura que conduz ao encontro de Cristo Vivo e Ressuscitado, rocha e fundamento da Igreja e de cada família.
A todos asseguro a minha oração para que a nível pessoal, familiar e eclesial, percorramos unidos este caminho de conversão quaresmal, daí resultando uma Igreja diocesana mais fraterna e mais missionária.
Desejo a todos uma frutuosa Quaresma e uma santa Páscoa!
Faro, 12 de fevereiro de 2018
Manuel Neto Quintas
Bispo do Algarve
Sem comentários:
Enviar um comentário